RO, Sexta-feira, 26 de abril de 2024, às 23:47



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Viva Sérgio Cabral, pai! Por Humberto Oliveira

Humberto Oliveira

PORTO VELHO – Deve ser triste para um pai descobrir o filho ladrão e corrupto. O pai, neste caso, é o jornalista, escritor, historiador e pesquisador da nossa música, Sérgio Cabral. O filho, infelizmente carrega o mesmo nome acrescido do Filho para diferenciar na hora de escrever maravilhas sobre o primeiro e somente coisas desagradáveis referentes ao segundo. Li recentemente, Sérgio Cabral, pai, está alheio a tudo que acontece. Aos 83 anos está com Alzheimer. Para alívio dos amigos, parentes e admiradores, o grande autor lembra apenas de outras épocas e tem lapsos de memória quanto a atual realidade.

Enquanto Sérgio Cabral, o pai, escreveu verdadeiras jóias sobre grandes nomes da música popular brasileira, como As Escolas de Samba – o que, quem, onde, como, quando e porque (1974), Pixinguinha, Vida e Obra (1977), ABC do Sérgio Cabral (1979), Tom Jobim (1987), No Tempo de Almirante (1991), No Tempo de Ari Barroso (1993), Elisete Cardoso, Vida e Obra (1994), As Escolas de Samba do Rio de Janeiro (1996), A Música Popular Brasileira na Era do Rádio (1996), Livro do Centenário do Clube de Regatas Vasco da Gama (1998), Mangueira – Nação Verde e Rosa (1998), Nara Leão – Uma biografia (1991), Grande Otelo – Uma biografia (2007), Ataulfo Alves (2009) e Quanto mais cinema melhor, biografia de Carlos Manga, o filho virou personagem real de pelo menos três livros que contam como ele, ex-governador do Rio de Janeiro, se tornou um bandido, um chefe de quadrilha, um político corrupto que desviou milhões e hoje cumpre pena.

Em homenagem aos 70 anos de Sérgio Cabral, pai, um documentário foi produzido e lançado em dvd. Um dos entrevistados, naturalmente, aparece o filho, à época ainda como governador do Rio de Janeiro e bem distante das páginas policiais. Ele, na maior cara de pau, afirma que aprendeu ética, honestidade e a respeitar o povo com o pai. Pelo menos na frente das câmeras, sim. Por trás, a realidade se mostrou diferente. Ignorou os ensinamentos do velho mestre e optou pelo caminho mais rápido do enriquecimento ilícito, do desvio de dinheiro, da corrupção e por aí vai. O pai será sempre lembrado e louvado como “O Rio de Janeiro em pessoa”. Já o filho, entrou para os anais da história política e policial do Brasil, como um gângster. Lamentável.






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