RO, Sexta-feira, 29 de março de 2024, às 10:13



RO, Sexta-feira, 29 de março de 2024, às 10:13


VIDA ENCLAUSURADA – Uma amostra do que mudou com a rotina do decreto “fecha tudo”

PORTO VELHO – O que mudou nas vidas das pessoas com a aplicação do decreto “fecha tudo”? Muita coisa, até para quem pode transitar sem problemas, como garis, pessoal da saúde, policiais, bombeiros e muita gente que, para ganhar o “pão nosso de cada dia”, tem de sair de casa, faça chuva ou faça sol.

Avenida Sete de Setembro próximo ao Quilômetro Um; completamente vazia na manhã desta terça-feira

A cidade está muito melhor de circular afora, lógico, pequenos grupos que preferem encarar a legislação ou perder o Alvará de Funcionamento, porque a clausura está aí para todos, mesmo para conversar com o vizinho de lado ou ir para a igreja. “Foi uma freada brusca naquilo que fazíamos todos”, disse o escritor Luiz Cavalcanti, viúvo, morando só, que agora está usando mais tempo, como muita gente, a internet e o zap. “De qualquer forma vai servir para repensarmos o que temos feito”.

Maria Albuquerque, aposentada, preferiu ir pelo lado do que seria uma espécie de agradecimento. “Se eu pudesse pediria a Papai do Céu para ele guardar um lugar lá para os inventores do whatsapp”. Como outros, ela também teve de alterar hábitos, sem participar de atividades sociais, mas usa o tempo para zap, para estudar música, cuidar das plantas.

- Advertisement -



O jornalista Abdoral Cardoso tem motivos para ficar enclausurado, porque vem se recuperando de um problema de saúde. “Claro que uma situação dessas mexe conosco, inclusive com o emocional e provoca mudança de hábitos. De repente, principalmente eu, que moro sozinho, me vi praticamente obrigado a experimentar  o distanciamento social, por convicção é por sentir um certo receio de sair de casa como integrante de grupo de alto risco, até mesmo para reabastecer a geladeira. Não é pânico, mas medo também de quem não segue os cuidados de prevenção e continua circulando em todos os ambientes. Tenho feito encomendas de refeições pelo delivery e procuro ocupar o tempo com pequenos afazeres domésticos, cuidando da lavagem da roupa e da limpeza da casa, pois dispensei a diarista que, na semana passada, apresentou sintomas de forte gripe. Procuro também me manter o máximo informado, além de descobrir na releitura das aulas de violão uma grande ajuda. É uma mudança substancial de estilo de vida, como contribuição ao bem maior!”.

O advogado Wilson Dias, mesmo admitindo que diriamente, em tempos normais, há mudanças “no entanto, nesses dias de turbulências e comoções sociais e globais, isso nos leva a refletir sobre os atos da vida e suas consequências, a nos questionar sobre o que temos feito para melhorar o meio em que vivemos..??? Que sociedade de homens queremos….??? Sem dúvida alguma queremos uma sociedade mais justa e igualitária onde todos com certeza possa usufruir dos benefícios sociais…Há uma pergunta, mas o que você tem feito para melhorar esse meio de convívio….Estamos na Quaresma e no meio de uma Pandemia Global,  acredito que nós temos que entrar em Quarentena, é o que estou fazendo, lendo bastante livros e artigos educativos bem como em minhas PRECES ao Criador, pedindo paz e sabedoria aos homens de responsabilidades com o destino de nosso país…..Fora isso, desejar aos amigos uma profunda reflexão nos moldes Cristãos”.

Nelson Sérgio Maciel, advogado aluno de Jornalismo – Ficar recluso em casa é bom, mas às vezes parece que três pessoas transitando no mesmo espaço parece muita gente. Como sexagenário, sou espaçoso e fico tropeçando em tudo. Mas tem a parte boa, com essa situação, ficamos mais próximos, aproveitamos para fazer leitura,  estudar e fazer algum trabalho.

Professora de Libras, Michelle Yara – Em tempo de reclusão está difícil mesmo porque, além das crianças, nós adultos temos o hábito de sair todos os dias a trabalho ou a passeio. O jeito é intercalar tv, celular, uma tarefa de escola ou de casa. Até a atividade na paróquia foi cancelada. O jeito é nos reinventar e ter muita paciência.

Imortal da Academia Rondoniense de Letras, o poeta, músico e cantor Ernesto Melo, opina – Amigo, nesses dias turbulentos para todos nós, onde o maior problema depois da epidemia, é a desinformação ou até a informação demais e desencontrada, favorecendo sobremaneira o pânico, tudo mete medo. Nós, Católicos, estamos reclusos, temerosos, mas não podemos ir à Missa. Eu, por exemplo, amanhã, estaria com certeza na Catedral, na primeira Missa do domingo, na Eucaristia. Depois, tomaria o café da manhã com minha mãezinha, faria o mercado e, já em casa, leria um bom livro, veria um bom filme ou tomaria uma boa cerveja. Recluso, fico a ler, ver TV, consertar uma fechadura ou outra e conversar com minha esposa ou a brincar com os netos pois, os pais, tendo que trabalhar e os pequenos sem ter aulas, não têm a quem recorrer. E o dia vai passando assim, calmo, mas atento às notícias mais confiáveis.

Outro imortal, mas da Academia de Letras de Rondônia, o poeta e escritor Adaídes Batista, o Dadá – Quem me conhece pensa que eu sou uma pessoa que  não gosta de ficar em casa. Engano. Sou uma pessoa caseira. Assim como também se enganam quando pensam que gosto de estar com muita gente de “conviver”. Engano, sou tímido, e gosto mesmo de estar sozinho. Minha melhor companhia foi e é um bom livro ou ouvindo uma boa música. Leio poesia todos os dias impreterivelmente. Em termos de música gosto de quase todos os ritmos, dou preferência para a clássica, o jazz, o blues, MPB, Bossa Nova. Sempre estou assistindo um bom filme; um que nunca assisti ou revendo um clássico, por exemplo, Deus e Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha já assisti quase ou mais de dez vezes, sem nenhum exagero.  Portanto não estou tendo nenhuma dificuldade na quarentena devido a precaução com o coronavírus. E estou na quarentena mesmo, sou três vezes grupo de risco (60 anos, hipertenso, Diabete2).






Outros destaques


+ NOTÍCIAS