“… Imagino Irene preta entrando no Céu.
– Licença, meu Branco!
E São Pedro, Bonachão:
– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença”.
Repetindo o poema imortal de Manuel Bandeira: São Pedro, na manhã de ontem, deve ter dito na Casa do Pai: “Entra, Zélia. Você não precisa pedir licença”.
Zélia Rolim Jorge Badra – eis o seu nome completo. Natural de Belo Horizonte/MG. Residiu, por mais de 50 anos, em Rondônia.
Era casada com um ilustre rondoniense de Guajará-Mirim. Um rondoniense de boa cepa.
Falo de Edson Jorge Badra – o Primeiro Procurador-Geral de Justiça destas “Paragens” do Poente”.
Badra é membro (inativo) do MP/RO. Ele é um homem de letras e um cultor do Direito.
Humanitário. Sempre convida o coração para ajudar a inteligência.
Dona Zélia Badra era uma mulher bonita. Bonita “com o que Deus lhe deu”, diga-se. Isso na juventude e no período da maturidade.
Detestava a futilidade. Tinha uma nobreza que se desfazia em simplicidade. Possuía preocupação social. Era uma progressista.
Dona Zélia tinha 87 anos. Dir-se-ia: encontrava-se idosa. Procede. Encontrava-se idosa; mas se foi cedo.
Não se sabe o que essa extraordinária mineira vai fazer lá em cima; aqui, embaixo, ela vai fazer falta.
Falta ao seu velho companheiro (aliás, mais companheiro do que velho) Edson Jorge Badra. Falta aos seus talentosos filhos – Alexandre, Mirtes e Nicolau. Falta aos seus netos. Falta à sua imensa legião de amigos que a amava – e que, por ela, era amada.
Falece Zélia Rolim Jorge Badra! Conosco, ficarão – qual na antiga canção famosa – “Uma Saudade a mais – e uma Esperança a menos”.
Porto Velho/RO, 25/10/2020
*Jackson Abílio de Souza é procurador de Justiça do MPRO