RO, Quarta-feira, 24 de abril de 2024, às 3:11



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PAULO QUEIROZ – Dez anos depois o colunismo político rondoniense ainda não encontrou um nome à altura do “anglo paraibano”

PORTO VELHO – Em 1978 o diretor Euro Tourinho, do Alto Madeira, ainda na antiga sede da Barão do Rio Branco, mandou me chamar e apresentou uma senhora: “Doutora Auxiliadora”. Ela, com outra também paraibana, foram as duas primeiras mulheres contratadas como delegadas da Polícia Civil no Território, quebrando um tabu, porque até então só homens ocupavam o cargo. Em seguida Euro disse que o marido dela era jornalista estava chegando para trabalhar no AM. Paulo Queiroz chegou, mas foi cooptado pelo diretor Emanuel Pontes Pinto de O Guaporé, mas isso era de menos porque ficamos amigos.

Numa homenagem à coluna que o imortalizou, o expressaorondonia escolheu esta foto que retrata Paulo Queiroz em três momentos distintos

No Guaporé, Paulo logo provou a qualidade, escrevendo a “Coluna com Foto da Bruna Lombardi” que ao mudar para o Estadão do Norte, por influência do editor Vinícius Danin a coluna ganhou outra formatação e seu lugar no olimpo local a “Coluna Política em Três Tempos”. Em 1994 assumi a editoria de municípios do “Estadão” e confirmei aquilo que já ouvia em contatos com políticos, prefeitos e empresários, que ao explicarem um fato respondiam “Li no Paulo Queiroz” e não no Estadão. Repetia-se aqui o que em Brasília diziam políticos e outros: “li no Castelinho”, referência a outro cearense, Carlos Castelo Branco, que assinava a “Coluna do Castelo” no Jornal do Brasil, direto de Brasília.

Um dia, início da noite o celular tocou e o jornalista Lenílson Guedes perguntou, como sempre fazia quando morria um colega: “tás sabendo do Paulo?”. Há 10 anos o PQ pegou o “expresso da meia noite”. Nunca mais o colunismo político local encontrou outra referência.

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Os textos a seguir foram enviados por amigos do Paulo Queiroz.

Paulo Saldanha, escritor, fundador e duas vezes presidente do BERON, das Academias de Letras de Rondônia e de Guajará-Mirim:

Sobre o Paulo Queiroz, cumpre-me dizer que eu fui seu fã, e lia a sua coluna com a sofreguidão dos ansiosos que procuram atualizar-se. Lembro que ele, durante um tempo, me assessorou no Beron na área de comunicação social, com aquela sua capacidade de síntese que dizia tudo.

Lembro do seu equilíbrio e sobriedade, da excelente educação e polidez, da forma humilde de que se valia para concordar ou discordar. Enfim, dá sua grandeza como ser humano e como jornalista.

Antônio Queiroz, jornalista, editor do Estadão do Norte durante quase 20 anos.

Mais um ano sem o jornalista Paulo Queiroz. São 10 anos de saudade. Aproveitou o carnaval daquele ano – quando todos os foliões pulavam nos festejos momescos – sem avisar a ninguém partiu. Aliás, Paulo Queiroz era simples. Essa simplicidade e a sua competência profissional tornaram esse cearense (nascido em Quexaramobim – CE), o mais autêntico paraibano. Pouca gente sabe, mas ele chegou bebê na Paraíba. Outro detalhe da vida dele: era matemático. Verdade! Paulo era formado em Licenciatura Plena em Matemática. Chegou a lecionar em João Pessoa. Nos anos 70 desembarca em Porto Velho, pois integrava uma organização clandestina e estava na alça de mira dos “homens da lei”.

Muitas são as histórias que vivi e convivi com Paulo Queiroz. Fui seu editor-chefe durante 18 anos no jornal O Estadão do Norte. Hoje, escrevo um livro sobre minha atuação naquele matutino que, com orgulho, posso afirmar que dirigi o melhor é maior jornal de Rondônia de todos os tempos. Paulo Queiroz terá um capítulo a parte. São centenas de histórias e estórias para serem contadas. Mas, o momento é de reverenciar aquele que é – sem discussão – o melhor jornalista político de Rondônia de todos os tempos. Não é por acaso que sua coluna “Política em Três Tempos” ainda hoje é referência e um marco para os jovens jornalistas. Um segredo: Paulo começava a escrever sua coluna (45 linhas- divididas em três de 15) por volta das 8 horas e concluía por volta das 14 horas. Sua mesa era composta de um “seboso” (linguajar usado pelos jornalistas para o Dicionário), mais dois livros: um de sinônimos e outro de antônimos. Buscava a perfeição vernacular como poucos profissionais. Durante décadas pude desfrutar de todos os momentos profissionais do Paulo. Mas, tenho que deixar para contar mais no livro. Creio que será um retumbante sucesso. Tem de tudo e mais um pouco. Tem muitas histórias e estórias de corruptos, cornos, chifrudas, golpistas, bichas enrustidas e que ainda hoje teimam em não sair do armário, malandros, sem-vergonha, puxa-saco e outras denominações e nomenclaturas que, certamente, darão muitos comentários. Ah, ia esquecendo: tem muitas pessoas que se diziam teus amigos (muitos falsos) e que foram te visitar. Paulo Queiroz, sem discussão

Montezuma Cruz, jornalista, escritor, que no grupo era chamado “Astrôncio Morrote”

PQ, a quem conheci em 1978, quando ele aqui chegou, foi um bom companheiro de trabalho e de outras tantas jornadas. Uma delas, o lazer madrugal: arriscávamos amanhecer no Bar Arapuca, no trevo do Roque, para ver o Sol nascer.

Sua visão profissional permitia desempenhar um jornalismo de vanguarda, até mesmo na autocrítica, pois, sem internet e sem fobia, nos permitíamos corrigir falhas e ajustar o que nós mesmos tínhamos necessidade, antes mesmo do leitor reclamar.

Conviver com PQ nos saudosos jornais A Tribuna, O Guaporé, e na sucursal do Diário de Rondônia, de Ji-Paraná, além de salutar, teve a importância do aprendizado que a nós todos possibilitava intercambiar naquele período. Ou seja, a leitura do texto do outro, em mão dupla.

Então, na Redação, trabalhávamos assim, com êxito nas edições diárias e na apuração de longas reportagens especiais.

Dez anos depois, tenho imensa saudade de suas análises políticas. Quem não tem? Era o forte dele, paralelamente à chuva de cultura que fazia espalhar, em todas as áreas, em diversas oportunidades.

Por: Lúcio Albuquerque, repórter






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