RO, Sexta-feira, 19 de abril de 2024, às 2:02



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Passa de 3 mil o número de venezuelanos vivendo em prédios abandonados em Boa Vista

BOA VISTA – O número de venezuelanos vivendo em prédios abandonados em Boa Vista chegou a 3,1 mil, apontou a operação Acolhida, que cuida do fluxo migratório, durante reunião com o governo do estado.

Família de venezuelanos improvisou sala dentro de estrutura abandonada em Boa Vista — Foto: Emily Costa/G1 RR/Arquivo

De acordo com o levantamento divulgado pela Secretaria de Trabalho e Bem Estar Social (Setrabes), os imigrantes ocupam um total de 11 prédios públicos e privados na capital. Além deles, conforme a Acolhida, 6,2 mil venezuelanos vivem nos 13 abrigos oficiais no estado e 25,3 mil foram interiorizados a outros estados brasileiros entre abril de 2018 e novembro do ano passado.

Dentre as ocupações, a maior é no antigo prédio da Secretaria de Gestão Estratégica e Administração, no bairro São Francisco, zona Norte da cidade, onde vivem 568 pessoas (191 homens, 181 mulheres e 196 crianças). Já na antiga sede da Secretaria Estadual de Educação, no Centro Cívico, foram contabilizados 418 moradores (140 homens, 140 mulheres e 138 crianças).

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De acordo com a Setrabes, os dados foram apresentados durante reunião na segunda-feira (6) para discutir a criação de um Comitê Estadual com o objetivo desocupar esses espaços. Estavam presentes integrantes do governo e da operação Acolhida, incluindo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

As ocupações, também segundo a Setrabes, “são catalogadas e monitoradas pela Força-Tarefa Logística Humanitária [operação Acolhida], que diariamente visita os locais e informa sobre as modalidades de interiorização disponíveis, bem como para prestar serviços básicos de saúde, controlar os efetivos existentes, por idade, gênero e grau de vulnerabilidade”.

“Nós estamos fazendo ainda o processo de interiorização a partir desses locais, assim como da rodoviária de Boa Vista, de abrigos e Posto de Triagem”, detalhou o coronel Georges Feres Kanaan, coordenador adjunto da operação Acolhida.

O objetivo com as desocupações, detalhou a Setrabes, seria reativar os prédios, “a exemplo da antiga Secretaria Estadual de Educação no Centro, onde, com a alocação de emendas parlamentares, será executado o processo de construção da nova sede”.

A titular da Setrabes, Tânia Soares, disse que desde o ano passado estão ocorrendo encontros para debater sobre a desocupação dos prédios que são públicos com a finalidade de fazer reformas e novas construções neles ainda em 2020.

Em junho do ano passado, reportagem do G1 mostrou o cotidiano dos venezuelanos que vivem nessas ocupações. À época, eram 1,3 mil imigrantes vivendo em 10 prédios abandonados, ocupações que se tornaram símbolo da crise provocada pela chegada em massa dos venezuelanos a Roraima que começou a partir de 2015.

Até o final de 2019, a estimativa era que 16% da população da Venezuela já tinha deixado o país, o que significa 4,7 milhões de venezuelanos fugindo da crise humanitária, de acordo com o Acnur. Desses, ao menos 224 mil pediram refúgio ou residência temporária no Brasil até setembro do ano passado.

Estado brasileiro vizinho a Venezuela, Roraima recebe o maior contingente de imigrantes venezuelanos – são cerca de 500 que cruzam a fronteira todos os dias. A maioria segue viagem a outras partes do país e do mundo, mas uma parcela considerável fica no estado.

Em 2018, a população de Roraima era estimada em 576,5 mil habitantes, mas em 2019 chegou a 605,7 mil — mais 29,1 mil pessoas, o maior crescimento populacional do país. A alta foi puxada pelos imigrantes que chegam, bem como por bebês, inclusive filhos de pais venezuelanos, que nasceram no estado no último ano.

Fonte: G1 






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