RO, Quarta-feira, 24 de abril de 2024, às 20:54



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O medo predomina na dura volta das atividades para o setor de serviços 5 meses depois do início da pandemia, em março

PORTO VELHO – Até março o movimento numa barbearia muito conhecida e de grande clientela, nas proximidades da Feira do Um, era bem diferente do que acontece atualmente. No Mercado Central a queixa dos permissionários se repete: desde que o governador Marcos Rocha, alegando necessidade de luta contra a pandemia decretou várias medidas restringindo a circulação de pessoas, essa gente que depende de sua produção para sobreviver, viu reduzido o ganho seu.

Costureira que reinventou-se e passou a costurar e vendar máscaras

Mas não é só nesses segmentos. Há casos de diaristas que antes dispensavam serviço, mas que agora, muitas vezes, chegam a ficar vários dias sem uma chamada, e quando procuram as antigas patroas recebem a informação de que o problema “é o medo”.

Em realidade, pelo que pessoas desses setores já admitem é que está começando a mudar essa situação, “mas não sei quando é que volta como era ou quando é que pode melhorar um pouco mais”, como disse uma vendedora de uma das três principais lojas de departamentos da capital. “Para nós, que contamos com a comissão de venda para fortalecer o salário, ficar com a loja fechada mais de três meses foi demais. E agora, mesmo o movimento estando bem melhor, ainda vai demorar para voltar ao que era antes

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“Parece que as pessoas estão com medo. Nós mesmos, prestadores de serviço, também estamos com medo, não dá para negar, mas o jeito é encarar porque as contas não param de chegar, e temos de comer todos os dias”, disse um taxista que logo no início do isolamento social recolheu o carro e ficou 20 dias sem trabalhar, “mas tive de ir para a rua quando começou a faltar comida em casa”.

Atividade que se exerce com distância mínima do cliente, barbearias e salões de beleza enfrentam o receio da clientela, mas aos poucos vai normalizando o movimento – Foto: Caio Kenji/G1

“Você sabe o que é ter até março em torno de seis a oito clientes para fazer unhas e de repente não ter nenhum durante vários dias? Eu vivo disso. Felizmente parece que as pessoas estão perdendo o medo”, disse uma conhecida manicure que atende em casa. Aluna de uma faculdade particular, ela pensou até em trancar o curso. “Felizmente, a clientela está voltando, ainda não é como antes, mas está muito melhor do que de março ao início de julho”.

Uma ex-secretária de escola particular perdeu o emprego, e no aperto decidiu usar o que aprendeu num curso de corte e costura. Conta que apesar de tudo, está conseguindo suprir o básico para si e o filho de 6 anos, produzindo máscaras. No início eram só as simples, mas agora consegue ganhar mais um pouco com as de modelos sofisticados. O faturamento vem aumentando.

E, como várias outras pessoas que dizem terem se reinventado nesse período, a fabricante de máscara já pensa em nem procurar outro emprego. E partir, quando acabar a clientela de máscaras, para outros tipos de costuras. “Eu não me reinventei. Apenas coloquei em prática o que, por puro descompromisso, aprendi e que agora pretendo seja um modo de vida”.






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