RONDÔNIA – No Dia Mundial da Síndrome de Asperger, em 18 de fevereiro, a palavra é esperança. Com atuação do Governo de Rondônia para atendimento especializado às pessoas autistas, antes do período da pandemia da Covid-19, a Secretaria da Assistência e do Desenvolvimento Social (Seas) abriu vagas para crianças com a Síndrome de Asperger, nas escolas da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), na Associação de Mães de Autistas (AMA), e na Sociedade Pestalozzi. Porém, somente com a redução dos efeitos da pandemia da Covid-19, será possível a retomada do atendimento regular de escolas especializadas.

Luzes multicores são muito apreciadas pelos portadores da Síndrome de Asperger

A data lembra a importância da integração das pessoas com a Síndrome de Asperger na sociedade, a fim de sensibilizar a população sobre a relação da síndrome com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seu impacto nos indivíduos que convivem com o autismo.

São 67 milhões de pessoas autistas, o que representa 1% da população mundial. O TEA não causa atraso cognitivo na pessoa, desde que o diagnóstico seja precoce. A data escolhida, é em homenagem ao aniversário de Hans Asperger, pediatra austríaco que deu nome à Síndrome. Pessoas com essa Síndrome têm dificuldade de reconhecer ou entender os sentimentos e intenções dos outros, não conseguem expressar suas próprias emoções e não aceitam mudanças na rotina diária e nem mesmo na alimentação.

No Estado de Rondônia, os Centros de Atendimento Psicossociais (CAPs) podem atender portadores da Síndrome, auxiliando-os no desenvolvimento. De acordo com a psicóloga Clícia Henriques de Souza, do Núcleo de Saúde Ocupacional da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), “a sociedade precisa compreender mais o dia a dia da família de um portador dessa Síndrome”, disse.

Clícia conta que tem um filho com 12 anos de idade, que só recebeu o diagnóstico aos três anos. Até os oitos anos, ela conseguiu intensificar o tratamento dele, o que possibilitou um desempenho muito bom na escola. “Ele está na 7ª série, nunca atrasou, fala e interage bem devido ao bom atendimento ocupacional, psicológico e outros mais que recebeu ao longo desse período de frequência à escola inclusiva”, contou.

A psicóloga e mãe emociona-se ao narrar sua situação: “Estudei muito a respeito do assunto e constatei que são pessoas especiais que enxergam o mundo de modo diferente. Do choque inicial à busca do médico, e em seguida a tristeza, foi tudo uma via sacra, mas procurei o melhor para ele”.

Pessoas autistas, incluindo aqueles com Síndrome de Asperger, têm dificuldade em interpretar linguagem verbal e não verbal como gestos ou tom de voz. Muitos têm uma compreensão muito literal da linguagem, de acordo com especialistas.

“Não conseguem compreender quando as pessoas utilizam uma palavra com segunda interpretação: por exemplo, quando alguém utiliza a expressão ‘aquela mulher é uma gata’, não compreendem que gata, nesse contexto, significa beleza e não o animal”, destaca a vasta literatura sobre o tema.

Em geral, eles deixam de compreender: expressões faciais, tom de voz, piadas e sarcasmo, imprecisão e conceitos abstratos. Pode ser difícil criar amizades. Alguns podem desejar interagir com outras pessoas e fazer amigos, mas não têm certeza de como isso seria possível.

VOLUNTARIADO

Fisioterapeutas fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, médicos pediatras, psiquiatras e neurologistas voluntários se dividem em duas redes que cuidam atualmente dessa clientela: a de Assistência à Saúde e de Assistência à Educação, esta última, atuando diretamente em escolas inclusivas.

 

 

Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Gabriel Rodrigo Roque da Silva Nunes

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