RO, Terça-feira, 16 de abril de 2024, às 9:13



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Não há carência de médicos em Rondônia, o que existe são políticos medíocres. Por: José Ferrari*

José Ferrari*

PORTO VELHO – A cada ano são formados quase 600 médicos em Rondônia. Só em Rondônia que tem 52 municípios, o que dá uma média de 11 médicos para cada município. Um recorde mundial. A cada anos são emitidos 35.000 novos diplomas para médicos.

Os gestores dos pequenos municípios se queixam da falta de cirurgiões e anestesistas e oferecem salários que são mantidos por 2 ou 3 meses por contratos “de boca” e aí simplesmente param de pagar sob a justificativa de não ter orçamento. Procrastinam enquanto podem e obrigam os médicos contratados para trabalhar no Programa Mais Médicos – que deveriam trabalhar na Atenção Básica – a fazer atendimentos que não lhes cabem.

A Universidade Federal de Rondônia é uma instituição pública e os alunos não pagam mensalidades. A Universidade é mantida pelo Governo Federal. Em todas as demais o custo da mensalidade se aproxima de R$ 10.000,00.

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Considerando que o curso de Medicina ocorre durante 6 anos (72 meses), se pode concluir que se trata de uma verdadeira mina de ouro para os proprietários e uma sangria para os pais destas criaturas. Muitos desistem.

No Brasil, se registra uma média de 2,4 médicos para cada 1.000 habitantes, equiparáveis ao EUA, Japão e ao Canadá que tem números parecidos. Não precisamos de mais médicos. Os que temos já são suficientes, embora mal distribuídos.

E qual a razão da dificuldade de acesso a uma consulta médica com um especialista? Ora, a resposta é muito simples: os médicos preferem morar em outros centros. É muito melhor viver no Guarujá ao lado da praia, do que em Guajará Mirim ou em Cabixi.

E qual a razão para tanta procura por um curso de Medicina? Simples. Todo pai sonha em formar um filho “doutor”, mesmo que, ao final do curso, ele não saiba quantas cavidades tem a câmara cardíaca ou quantos lobos tem cada um dos pulmões.

Rondônia ficou parecido com Cuba. Forma um exército de profissionais médicos de qualidade discutível destinados à exportação.

“A grande maioria dos médicos que se forma nas faculdades de Medicina de Rondônia migra para outros estados”

Nestes tempos de Pandemia, ocorreu uma enorme procura por médicos para trabalharem nas UTIs. A maioria destes só conhecia UTI do lado de fora e nunca tinha nem visto um respirador.

Terapia Intensiva é uma especialidade médica que exige 2 anos de Residência Médica e ainda o pré-requisito de 1 ou 2 anos em Clínica Médica ou outra especialidade. A Intensivista cabe a responsabilidade de dominar atitudes e habilidades no reconhecimento e manuseio de pacientes gravemente enfermos, agrupando conhecimento em diversas áreas.

Mas, como resolver a “falta” de médicos em Rondônia?

Simples: o atual Governador sancionou a Lei 4.988 que não tem lastro legal e que autoriza a contratação de médicos formados nos exterior sem passar pelo Revalida que é regulamentado pelo Governo Federal.

Os principais apoiadores são políticos que apadrinham jovens que estudam nas faculdades de países fronteiriços cujas mensalidades têm custo bastante inferior.

Alguns destes políticos têm filhos, sobrinhos  e parentes que estudam na Bolívia. Não vou citar nomes.

Mas, eu os acuso de colocar a população em risco. Nenhum país do mundo aceita médicos estrangeiros sem uma avaliação prévia dos seus conhecimentos em Medicina. Também os acuso de defenderem interesses pessoais em detrimento ao interesse coletivo.

Ao leitor eu pergunto: você colocaria sua vida ou a vida de seus filhos não mãos destes “médicos” formados em uma esquina qualquer da América do Sul.

*Professor Associado II de Medicina da UNIR






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