RO, Quinta-feira, 18 de abril de 2024, às 8:00



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Mais uma perda para a música popular brasileira

Humberto Oliveira*

PORTO VELHO – Agora o trio que tanto brilhou nos palcos da vida está completo novamente. Primeiro foi Ângela Maria, depois, Cauby Peixoto e, neste sábado, Agnaldo Timóteo, vítima da covid-19. A música popular brasileira mais uma vez está de luto. Timóteo era uma das grandes vozes da nossa música e estava preparando um disco em homenagem à Ângela Maria, para quem trabalhou como motorista, antes de ser revelado como cantor.

Com mais de 50 anos de carreira, Agnaldo Timóteo estava na ativa desde os anos 1950, quando costumava se apresentar em programas de calouros em sua Caratinga natal e outras cidades do interior mineiro, enquanto trabalhava em oficinas mecânicas. Foi nessa época que se mudou para Belo Horizonte, em busca de oportunidade como cantor. Na capital das Gerais, chegou a ser conhecido como Cauby Mineiro. O lado bom disso era ser convidado pelas rádios locais a se passar pelo ídolo Cauby Peixoto (1931-2016) que, muito ocupado, não dava conta de atender a todos os convites que lhe eram feitos. Não tinha Cauby, a gente ia de Agnaldo.

A fada-madrinha foi a cantora Angela Maria (1929-2018), que o aconselhou a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde teria mais chances de realizar seu sonho.

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Polêmico, o intérprete de clássicos como Meu grito, Os brutos também amam e Deixe-me outro dia menos hoje, as três composições de Roberto Carlos, a primeira só dele, e as demais em parceria com Erasmo Carlos, deixou seu legado musical que merece aplausos e respeito.

O divisor de águas na carreira foi o álbum “Obrigado, Querida”, de 1967. A faixa “Meu Grito”, de Roberto Carlos, estourou e tornou-se primeiro lugar nas rádios de todo o país. Segundo o próprio cantor, a canção consolidou sua carreira, que atravessava um momento crucial, em que precisava de um sucesso original, distante das versões de músicas estrangeiras com que se tornara conhecido:

“Já não durmo

Morro até só em pensar

E se canto

Só o seu nome quero gritar

Mas se eu grito todo mundo

De repente vai saber

Que eu morro de saudade

E de amor por você”

Timóteo gravou Chico Buarque, Gonzaguinha, Carlos Gomes, Nelson Ned, Cláudio Fontana e muitas versões, entre elas, Os verdes campos da minha terra, Fumaça nos olhos e tantas outros. O cantor gravou composições suas, das quais podemos destacar A Galeria do amor como um dos seus grandes sucessos.

Discretíssimo em relação à sua vida amorosa e sexual, o cantor surpreendeu meio mundo ao lançar sua primeira composição própria, “A Galeria do Amor”, em 1975. A letra falava de incursões noturnas à Galeria Alaska, célebre reduto de boates em Copacabana:

“Na galeria do amor é assim

Muita gente a procura de gente

A galeria do amor é assim

Um lugar de emoções diferentes

Onde gente que é gente se

Entende

Onde pode se amar livremente”

Descanse em paz!

*É jornalista de formação, cinéfilo e poeta diletante






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