RO, Quarta-feira, 24 de abril de 2024, às 7:24



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Lenha na Fogueira – EFMM: 108 anos na luta pela sobrevivência da sua história

PORTO VELHO – Tenho quase certeza, de que no Brasil, não existe nenhum patrimônio histórico, cuja preservação, tenha passado por tantos percalços, como a nossa Estrada de Ferro Madeira Mamoré.

A história da nossa ferrovia começa no século XIX, exatamente no ano de 1846, quando o engenheiro boliviano José Augustin Palácios recomenda a construção de uma ferrovia às margens do Rio Madeira. Já em 1861 o general boliviano Quentin Quevedo defende a canalização das cachoeiras do Rio Madeira ou a construção de uma ferrovia, fato também recomendado (no mesmo ano), pelo engenheiro brasileiro João Martins da Silva. Foi então que a construção da ferrovia, passou a fazer parte da pauta das discussões sobre a saída da produção boliviana pelo oceano Atlântico.

O tempo passou até que no ano de 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis o Brasil se comprometeu a construir a ferrovia cujo objetivo, era vencer o trecho encachoeirado do Rio Madeira, para justamente facilitar o escoamento da borracha boliviana e brasileira pelo Oceano Atlântico.

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Ainda no século XIX as empresas que se comprometeram com sua construção se deram mal. O historiador Dante Fonseca registra as duas primeiras tentativas que fracassaram. A primeira, em 1872, a Public Works que não conhecia o território, nem a fauna e flora, por isso perdeu para a natureza.

O placar ficou 2 a 0 quando a empresa P.&T. Collins, contratada pelo coronel Church, foi encarregada da segunda tentativa de construção da ferrovia. Dessa vez, principalmente, as revoltas dos trabalhadores provocadas pela falta de pagamento levaram o empreendimento ao fracasso.

Na verdade, a construção começou mesmo, no ano de 1907 e desde então, até sua conclusão em 1912, muita água passou por debaixo das pontes existentes de Porto Velho até Guajará Mirim.

A DESATIVAÇÃO

Em 25 de maio de 1966, depois de 54 anos de atividades, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré teve sua desativação determinada pelo então Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco. No dia 10 de julho de 1972 as máquinas apitaram pela última vez.

Em 1979, o acervo começou a ser vendido como sucata para uma siderúrgica de Mogi das Cruzes, em São Paulo.

Em 1981 no governo do Coronel Jorge Teixeira de Oliveira voltou a funcionar num trecho de 7 quilômetros (Até Santo Antônio), em 1982 chegou a Vila do Teotônio. Depois de um tempo parada, a locomotiva voltou a apitar em 1995 e em 2000 depois que o bueiro do Igarapé Bate Estaca desmoronou, parou de vez.

REVITALIZAÇÃO

Nesse interim, o Complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em Porto Velho passou por algumas reformas, com destaque a realizada pelo governo de Oswaldo Piana que inclusive construiu o anfiteatro que até hoje existe. Na gestão do prefeito Roberto Sobrinho mais uma revitalização foi realizada, porém, o trem não voltou a trafegar.

O NOVO COMPLEXO TURISTICO

A prefeitura de Porto Velho assumiu o Complexo Madeira Mamoré em 2018, com o propósito de realizar sua revitalização. As obras tiveram início em 2019, com recursos oriundos da compensação ambiental da Santo Antônio Energia no valor aproximado de R$ 23 Milhões. “Esse dinheiro estava a disposição desde o governo do Roberto Sobrinho” lembra o presidente da Funcultural Ocampo Fernandes.

A atual revitalização abrange a restauração dos galpões, construção de uma passarela que vai até o porto do Cai N’água, centro de convivências, auditório, estacionamento, pista de caminhada, posto policial, bares, restaurantes, lanchonete, mirante e espaços para venda de produtos regionais. ”A obra sobre responsabilidade da Santo Antônio Energia deve ser entregue, até o mês de outubro, já a inauguração total do Complexo Turístico, o prefeito Hildon Chaves quer fazer até o mês de dezembro”, disse Ocampo complementando: A Madeira Mamoré é nossa vida”.

 

 

 

Texto – Silvio M. Santos (Zé Katraca)

Fotos – Ana Célia Santos






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