RO, Quinta-feira, 25 de abril de 2024, às 19:05



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Lançado há 25 anos, Distrito Industrial é um fantasma: falta de diálogo entre gestores, má vontade e burocracia trava o desenvolvimento da área

PORTO VELHO – A pouco mais de 15 quilômetros do Trevo do Roque, na margem direita da rodovia BR-364, só a teimosia de um grupo de empreendedores corajosos pode justificar que, depois de quase 25 anos, eles continuem ali, numa batalha inglória contra a burocracia, a falta de vontade de alguns segmentos do poder público e a inexistência de diálogo entre o  Governo estadual e a prefeitura portovelhense.

O local é pomposamente chamado de Distrito Industrial de Porto Velho, com previsão mínima da geração de mil empregos diretos, criado pelo governador Valdir Raupp (1995/1999), que fez a distribuição de quase todos os 100 lotes de área diversas, conforme sua finalidade, mas que, depois de um quarto de século hoje abriga, em atividade, entre 10 e 15 empresas, enquanto o restante do loteamento, conforme se ouve no local, estaria em mãos de pessoas que apenas especulam mas não investem nem criam nada.

“A área é do Estado, mas a falta de diálogo entre o CPA (sede do governo) e o Prédio do  Relógio (sede da prefeitura), além de outras situações como o fato de muitos que ganharam os lotes nem fizeram qualquer benefício em suas propriedades, acaba prejudicando aos que investimos muito ali, e, de forma também direta, à gestão pública que deixa de arrecadar impostos através da implantação das  empresas e a respectiva contratação de trabalhadores promover, por baixo, a geração de mil empregos diretos e pelo menos mais 2 mil indiretos”, disse um dos que ainda teimam, até porque investiram muito no local, em permanecer ali.

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Mas permanecer na condição que eles tentam há mais de duas décadas, cumprir o objetivo daquele loteamento, é autêntica prática de masoquismo. “Já virou piada quando algum órgão nos chama para reunião. Nossas propostas são levadas aos não sei quantos secretários estaduais e municipais que disseram estar nos ouvindo concordam com tudo que propomos, mas na hora “agá” acaba voltando tudo para a estaca zero”, disse outro empresário.

Um exemplo que consideram “típico” da falta de boa vontade da prefeitura está empacando o funcionamento de uma empresa cujo proprietário já investiu recursos superiores a cinco milhões de reais e que, depois de tudo pronto, não consegue o alvará de funcionamento porque técnicos municipais decidiram fazer em sua área um “girador” para a circulação de veículos. À proposta da empresa para que a obra da prefeitura fosse feita um pouco mais adiante, mudança muito mais fácil e barata de fazer do que mudar uma fábrica inteira, a resposta dos técnicos foi que não alterarão seu projeto. Resultado:  a empresa, pronta, não pode funcionar, não pode contratar empregados e o Estado e o município não recebem os benefícios decorrentes;

No local há reclamações contra tudo, desde a falta de segurança  apesar dos empresários terem se proposto a construir uma guarita e dessa forma identificar quais veículos passariam por lá; já solicitaram a cessão de um espaço de 50×50 metros para construir a sede da Associação, incluindo ali uma unidade da polícia, uma de bombeiros militares e outra de bombeiros civis, mas apesar de muito elogiado, o projeto teria parado sob diversas alegações, incluindo que deve ser permitido o direito de “ir e vir”, o que teria sido citado pelo Ministério Público.

Roubos no Distrito Industrial são constantes contudo, a despeito das ofertas de apoio dos empresários para terem o apoio policial, também não funcionou. Ainda há duas semanas tentaram invadir uma das empresas, e o dono teve de bancar guarda para poder afastar os ladrões.

Há casos em que potenciais investidores vão ao distrito, pra tomar informação a respeito da área, pretendendo implantar uma atividade econômica, mas desistem depois de verificarem a falta de apoio de governo e prefeitura para poder investir recursos ali. “Além das leis controversas que impedem o funcionamento de empresas, a falta de diálogo do Estado com a municipalidade, também pesa a falta de vontade de funcionários. Uma vez que precisei de um documento numa secretaria municipal eu reclamei  mais forte e a funcionária ameaçou me denunciar, porque eu questionei que, ao invés de estar lendo revistinhas de maquiagem ela deveria dar atenção aos contribuintes”, disse outro empresário, frisando que “da maneira como está quem acaba ganhando dinheiro, sem investir nada, são os que especulam com a terra que receberam de forma gratuita”.

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