RO, Sexta-feira, 26 de abril de 2024, às 4:32



RO, Sexta-feira, 26 de abril de 2024, às 4:32


Justiça renova prisão de 4 prefeitos e ex-deputado presos pela PF na sexta-feira e decreta sigilo no inquérito

JI-PARNÁ – A Justiça de Rondônia negou o pedido de habeas corpus e manteve as prisões preventivas dos quatro prefeitos e do ex-deputado investigados na Operação Reciclagem, que apura crimes contra a administração pública. Os cinco políticos foram presos na última sexta-feira, 25, pela Polícia Federal (PF) depois de terem sido filmados recebendo propina de um empresário do ramo de coleta de lixo. E todos estavam felizes como ‘pinto no lixo’ antes da prisão. A Justiça de Rondônia também decretou sigilo nos inquéritos que apuram as acusações.

Segundo apurou a reportagem da Rede Amazônica, as prefeitas Gislaine Clemente (de São Francisco do Guaporé) e Glaucione Rodrigues Neri (de Cacoal) estão dividindo a mesma cela no quartel da Polícia Militar de Ji-Paraná (RO).

Já os prefeitos Luiz Ademir Schock (de Rolim de Moura) e Marcito Pinto (de Ji-Paraná) dividem outra cela no mesmo prédio. Junto deles está o ex-deputado Daniel Neri (marido de Glaucione), que foi preso na mesma ação da PF.

- Advertisement -



Na sexta-feira, após as prisões dos prefeitos e do ex-deputado, foi levantado a possibilidade de transferir os cinco suspeitos à capital Porto Velho. Mas a Justiça de Rondônia decidiu por manter o grupo preso no quartel da PM em Ji-Paraná.

A reportagem apurou que os políticos investigados serão interrogados pela PF nesta segunda-feira, 28. Também deve ser marcado uma reunião com os advogados dos prefeitos e do ex-deputado.

Operação Reciclagem

Segundo o delegado Flori Cordeiro de Miranda Júnior, da PF, a investigação da operação Reciclagem começou em dezembro de 2019, após um empresário que prestava serviços às prefeituras delatar sobre um esquema de propina.

O denunciante relatou, à época, que uma das prefeituras teria condicionado o pagamento de uma dívida com um prestador de serviço ao repasse de propina. Diante disso ele decidiu denunciar a fraude e delatou os outros três municípios que adotavam a mesma prática de corrupção.

No dia 25 de setembro foi deflagrada a operação Reciclagem e a PF cumpriu quatro mandados de prisão preventiva contra chefes da administração pública.

A prefeita Gislaine Clemente (MDB) – conhecida como Lebrinha e filha do deputado estadual Lebrão – foi presa na sede da prefeitura de São Francisco.

Já em Cacoal a polícia prendeu Glaucione Rodrigues Neri (MDB) e o marido dela, Daniel Neri. O casal foi filmado recebendo dinheiro de propina, conforme revelou o Jornal Nacional.

No mesmo dia, o prefeito de Rolim de Moura foi preso. Luiz Ademir Schock (PSDB) também é suspeito de participar do esquema.

O prefeito Marcito, de Ji-Paraná, foi preso na sede da administração municipal, o palácio Urupá. Ele foi levado à viatura sem algema.

Afastamento das funções e apreensões

Além dos mandados de prisão, a Justiça determinou o afastamento das funções públicas dos prefeitos e o bloqueio de ativos que ultrapassam R$ 1,5 milhão, valor que, em tese, teria sido recebido de forma ilícita.

“Na verdade, nós estávamos sentindo que isso iria se alastrar mais. É bem possível que mais pessoas teriam se envolvido em um ciclo sem fim. O pagamento sempre foi em dinheiro vivo, de notas de R$ 50 e R$ 100. A frequência (do pagamento) era imediatamente anterior ao dia do vencimento ou posterior ao pagamento com o recado de que, se não houvesse o pagamento, não teria mais”, declarou em entrevista coletiva na tarde desta sexta o delegado Flori Cordeiro Miranda Júnior, em Ji-Paraná.

Na sexta-feira, a PF apreendeu um montante de R$ 256 mil, sendo R$ 10 mil em Ji-Paraná, R$ 26 mil em São Francisco do Guaporé e R$ 220 mil em Rolim de Moura. A corporação estima que as joias apreendidas em Rolim de Moura durante a operação cheguem perto dos R$ 5 milhões, mas o valor ainda será avaliado.

Um vídeo também mostra o deputado estadual Lebrão recebendo dinheiro que seria de propina (dinheiro que seria para a filha Lebrinha), porém o parlamentar não foi preso por ter foro privilegiado.

Também foram cumpridos 12 de mandados de busca e apreensão, com 22 equipes e envolvimento de cerca de 80 policiais federais nas quatro cidades.

O nome da operação, Reciclagem, faz referência ao ramo de atividades da empresa envolvida no caso e na origem dos recursos ilícitos. O Tribunal de Justiça que cuida do caso decretou sigilo nas investigações.

Por Fábio Diniz, Rede Amazônica






Outros destaques


+ NOTÍCIAS