PORTO VELHO – Ainda lambendo as feridas da mega enchente de 2014, a comunidade de Nazaré do Rio Madeira está praticamente submersa pela violenta enchente deste inverno. Além do temor pela rápida subida das águas, o que acontece em todo período de cheia, algumas vezes com maior violência, como gora, outro problema muito grave está causando ainda mais dificuldades para os moradores: o aparecimento de casos de dengue e malária, conforme relatos de quem continua vivendo naquele distrito, ou tem parentes por lá.
Toda a região baixa do Distrito, está debaixo d’água, com o forte temor de que as águas destruam o que vinha sendo recuperado depois da enchente de 2014, a maior que aconteceu na bacia do Madeira em quase um século.
Localizado a cerca de 160 km de Porto Velho, tendo o transporte fluvial como única via de contato com a capital, o distrito de Nazaré do Rio Madeira tem dois tipos de meios para chegar lá, um pelo “motor expresso” (3 horas “de baixada” e 4 “de subida) ou pelo motor tradicional, que leva 9 horas rio abaixo e 12 na volta a Porto Velho.
Naquela região praticamente a economia já foi toda destruída pelas águas, porque se baseia na produção da banana, da farinha, da colheita do açaí e pesca, mas sem grande representatividade, e a enchente pelo visto está acabando com tudo.
Região rica em belezas naturais, o que atrai o turismo, Nazaré também é sede do grupo “Minhas Raízes”, conhecido nacionalmente pela música, pela dança e pelo modo tradicional da feitura de instrumentos musicais a partir do que a natureza oferece.
TRADIÇÃO
Em seu Trabalho de conclusão de Bacharelado em Arqueologia pela Unir, intitulado “Minhas Raízes” Minhas Memórias: Um Patrimônio Cultural Além Das Águas Do Rio Madeira”, Natiele Pessoa de Souza destaca que “Nazaré é uma doce comunidade ribeirinha na beira do rio Madeira, conhecida regionalmente pela resistência em manter vivos as práticas e costumes tradicionais locais, como as festas, danças, brincadeiras de Boi e outras manifestações culturais que fazem parte da programação cultural da comunidade. A comunidade de Nazaré é o berço do grupo Minhas Raízes”, num trabalho coletivo, onde ela cita ainda a importância do “Minhas Raízes”, como um “instrumento ativo de preservação cultural da identidade local, que narra o cotidiano e os modos de vida tradicional do lugar”
Legenda fotos:
1 – Grupo Minhas Raízes, sempre um espetáculo comunitário e de exaltação das tradições de Nazaré
2 – A subida violenta das águas do grande rio é uma ameaça maior porque vem com dengue e malária
3 – Nas ruas de Nazaré, que recebem centenas de participantes do Festival Anual de Folclore, a alagação já tomou conta de tudo ed moradores estão temerosos da destruição causada pela enchente
